terça-feira, 21 de março de 2023

Educar-se: uma ação social e individual.

 Prof. Daniel Couto
(Doutorando em Filosofia, UFMG)

Os pais têm papel fundamental na educação dos filhos. Desde a mais tenra infância, é importante que os pais estimulem o aprendizado, incentivando a leitura, o diálogo e a curiosidade sobre o mundo. Além disso, cabe aos pais providenciar as condições para que os filhos possam estudar, oferecendo um ambiente tranquilo para as lições de casa e matriculando-os em escolas de qualidade.

Os pais também são responsáveis por orientar seus filhos e filhas sobre os valores e princípios morais que devem nortear suas escolhas. Devem ensinar sobre respeito pelo próximo, solidariedade, tolerância e amor. Também cabe à família estimular a autonomia e a responsabilidade das crianças e adolescentes, evitando a superproteção e o excesso de mimos.

Porém, a educação não é uma responsabilidade unilateral dos pais. Os filhos(as) também têm responsabilidades nesse processo. Eles devem seguir as orientações dos pais, prestar atenção nas aulas, fazer as lições de casa, participar das atividades escolares e respeitar os colegas e professores. Quando atingem a adolescência, eles devem aprender a tomar as próprias decisões, a lidar com a pressão dos amigos e a evitar comportamentos de risco.

É importante salientar que a educação não termina com a formação acadêmica. A vida é repleta de desafios e aprendizados contínuos. Cabe aos pais e aos filhos(as), portanto, manterem uma relação de diálogo e respeito mútuos, para que possam continuar a aprender e crescer juntos ao longo da vida.

Como lidar com os desafios?

Nos dias atuais, educar e orientar crianças e adolescentes, diante de um mundo cada vez mais digital, tem sido um desafio constante para pais e educadores. O desenvolvimento tecnológico possibilitou um universo de possibilidades e informações, mas também trouxe novos riscos e desafios.

Um dos principais problemas enfrentados atualmente é o excesso de tempo em frente às telas, seja em videogames, redes sociais ou outras plataformas. Essa constante exposição pode impactar negativamente no rendimento escolar e na motivação para estudar. Por isso, é importante incentivar e estimular as crianças e adolescentes a dedicar tempo ao aprendizado de forma equilibrada.

Para promover o interesse pela educação, é essencial que pais e educadores estabeleçam uma rotina de estudos. É importante que haja regras claras sobre o período do dia reservado para estudar, assim como o tempo destinado para o uso de celulares, computadores e outras telas/mídias. Além disso, é fundamental que haja acompanhamento e orientação sobre as atividades escolares, para que os jovens tenham motivação e autonomia em relação aos estudos.

Outro ponto é a busca por recursos educacionais digitais que ajudem no processo de aprendizagem. Existem diversos aplicativos e jogos que, quando utilizados de forma correta, podem ser uma ferramenta importante para agregar conhecimento e auxiliar na compreensão de conteúdos escolares.

Além disso, a orientação sobre o uso das redes sociais é fundamental. É preciso que os jovens compreendam que as redes são um ambiente virtual público e que suas ações podem ter consequências reais. Também é importante alertá-los sobre os riscos do compartilhamento de informações pessoais, como fotos e dados e com o cuidado com as publicações que envolvam colegas, instituições e, principalmente, que os coloquem expostos nas redes.

É fundamental que pais e educadores estejam sempre presentes e disponíveis para conversar e esclarecer dúvidas. O diálogo aberto reduz a distância entre as gerações e ajuda na compreensão dos desafios e oportunidades que o mundo digital traz para a educação.

Educar crianças e adolescentes no mundo digital exige atenção, cuidado e dedicação, mas pode se tornar um processo rico e transformador, incentivando o aprendizado e a formação de cidadãos críticos e atuantes.

Como educar para a coletividade?

Educar para a coletividade é um desafio diário para educadores e educandos. É necessário aprender a conviver com pessoas diferentes, respeitar o meio ambiente escolar e seguir as normas institucionais. Todos esses comportamentos são essenciais para o bom funcionamento da escola e para a formação de cidadãos conscientes e responsáveis.

É importante destacar que a filosofia e o conceito de virtude podem contribuir significativamente para essa educação voltada à coletividade. Desde a antiguidade, a filosofia se volta para a busca do que é bom e justo. Compreender esses conceitos é fundamental para que os comportamentos éticos e morais sejam internalizados pelos indivíduos e reflitam em suas ações cotidianas.

As virtudes, por sua vez, são hábitos positivos que devem ser desenvolvidos pelos indivíduos para aprimorar seu comportamento e convivência social. Entre elas, podemos citar a coragem, a justiça, a responsabilidade, a gentileza e o respeito. Todas essas virtudes contribuem para o bem-estar coletivo e devem ser estimuladas desde a infância.

Nessa perspectiva, a educação familiar também é uma grande aliada na promoção de comportamentos voltados para a coletividade. É importante que pais e responsáveis incentivem o respeito aos colegas, aos ambientes escolares e às normas institucionais desde cedo. A família pode contribuir com a formação moral e ética dos indivíduos de forma complementar à escola.

Na prática, educar para a coletividade envolve, por exemplo, respeitar o espaço do outro, cultivar a tolerância e o diálogo, zelar pela limpeza e organização do ambiente escolar, seguindo as regras e normas da instituição. Espera-se que, com essas ações, os indivíduos se sintam pertencentes àquela comunidade escolar, contribuindo para um ambiente mais harmonioso e respeitoso.

Em resumo, educar para a coletividade é uma tarefa que envolve diversos aspectos, como a promoção de virtudes e valores éticos, a conscientização sobre a importância do respeito ao outro e ao ambiente e o estímulo à responsabilidade individual e coletiva. A escola, a filosofia, a família e a sociedade como um todo têm responsabilidades em desenvolver esses comportamentos em suas crianças e jovens para a construção de uma sociedade mais justa e solidária.

Dicas para uma boa convivência escolar (para pais, estudantes, professores e equipe).

Pratique a inclusão e a tolerância: em um ambiente escolar diverso, é importante que todos se sintam incluídos e respeitados, independentemente de suas diferenças. Incentive práticas que promovam a tolerância, como atividades que estimulem o diálogo e o respeito mútuo.

Estimule o diálogo e a empatia: ensine os meninos e meninas a importância de ouvir e respeitar as opiniões e sentimentos dos outros. Incentive discussões saudáveis, que ajudem a construir a compreensão mútua e a empatia.

Fortaleça a comunidade escolar: crie um senso de comunidade na escola, incentivando atividades que unam alunos, professores e funcionários. Promova eventos e atividades que possam ser compartilhadas pela comunidade, criando um senso de pertencimento e engajamento.

Incentive a prática de valores positivos: ensine os meninos e meninas a importância de valores como respeito, honestidade, responsabilidade e justiça. Incentive a prática desses valores, para que se tornem parte integrante do ambiente escolar.

Adote práticas saudáveis e positivas: busque criar um ambiente escolar onde a saúde física e mental seja valorizada. Incentive a prática de atividades físicas, hábitos alimentares saudáveis e a busca por conhecimento e aprendizado constante.